quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Show Canção do Exílio propõe retorno aos anos 70 e coloca em evidência o repertório menos conhecido da geração chamada de "Pessoal do Ceará"


A cantora Natasha Faria e os músicos Moacir Bedê e Fábio Amaral apresentam hoje, a partir das 20 horas, no Acervo Imaginário, o show do projeto Canção do Exílio, com novos arranjos para músicas de compositores cearenses como Fagner, Belchior, Ednardo e Petrúcio Maia. Formado a partir de pesquisa da discografia da geração que ficou conhecida nos anos 1970 como “Pessoal do Ceará”, o repertório do show privilegia as composições menos conhecidas do público em geral.
Violonista e guitarrista, Moacir lembra que na década de 1980 chegou a ir para vários shows de Ednardo, conheceu a casa de Petrúcio Maia e varou noites na Ponte Metálica tocando esse pessoal. “Esse repertório foi se perdendo no tempo e hoje em dia as novas gerações não conhecem, inclusive os músicos”, avalia.
Violonista e guitarrista, Moacir lembra que na década de 1980 chegou a ir para vários shows de Ednardo, conheceu a casa de Petrúcio Maia e varou noites na Ponte Metálica tocando esse pessoal. “Esse repertório foi se perdendo no tempo e hoje em dia as novas gerações não conhecem, inclusive os músicos”, avalia.

“A gente tá procurando fazer mais o lado B”, diz Moacir Bedê, 43, idealizador do projeto. Entre as músicas do repertório, “Noves Fora”, samba de Fagner e Belchior gravado por Elis Regina; “Postal do Amor”, de Ricardo Bezerra e Fausto Nilo; e “Retrato Marrom”, de Rodger Rogério. “Tem ‘Dorothy Lamour’, fazemos ‘Mucuripe’ instrumental, mas não vamos tocar ‘Terral’ ou ‘Asa Partida’, porque são musicas muito manjadas, que eu adoro, mas não é o que queremos.”.
A pesquisa de repertório durou seis meses e foi feita ao lado de Natasha Faria, 35, cearense que voltou à cidade natal depois de 15 anos na Europa. Acostumada a cantar jazz e Bossa Nova em cidades como Lisboa, Paris e Dublin, ela não deixou de ouvir os compositores cearenses: “É uma memória afetiva com o local. Como você não vai levar o mar, nem vai levar a praia, você leva as músicas”.
Arranjos
Do quinhão praticamente inexplorado do Pessoal do Ceará, surgiram pérolas como “Lupicínica”, de Augusto Pontes e Petrúcio Maia; “Manga Rosa”, de Ednardo; e “Cigano”, de Fagner. “O Fagner tem poucas músicas que são só dele, a maioria é parceria, mas essa é uma”, comenta Bedê sobre “Cigano”, gravada originalmente no LP Quem viver chorará (1978).
Outras mais conhecidas ganharam nova roupagem. De Ednardo, “Ingazeiras” é tocada pelo trio numa levada funkeada - “Não o carioca!”, adverte Bedê –, e “Cavalo Ferro” achega-se ao pop. Quanto ao vocal, o desafio maior para Natasha foi se aproximar do canto de um de seus ídolos: “O Fagner é um dos grandes cantores do Brasil e do mundo, ele tem um estilo próprio. É muito mais difícil cantar Fagner. Cantar jazz não é difícil”.
O show de hoje será apenas o segundo do projeto, que se apresentou há duas semanas no Salão das Ilusões, no Centro de Fortaleza, e agradou o público. Será mais uma oportunidade para ouvir músicas da única geração, nas palavras de Bedê, que “conseguiu criar uma identidade da música cearense”.